história

Escultura de Palas Atenas - Museu do Louvre

A cultura milenar da oliveira e do azeite está associada a práticas religiosas, mitos e tradições, manifestações artísticas e culturais, atividades esportivas e econômicas, usos medicinais e gastronômicos, de enorme relevância na história dos povos, suas civilizações e tradições.

História e mitologia estão entrelaçadas na cultura das oliveiras e do azeite. As fundações de Atenas e de Roma são relacionadas a esta árvore e seus frutos.

Na mitologia grega, cada nova cidade tinha um deus do Olimpo para protegê-la, mas no caso de uma determinada cidade, havia dois interessados: Possêidon, o deus do mar, e Palas Atenas, a deusa da paz e da sabedoria. Neste caso, outro deus arbitrava a disputa, sendo que aquele que oferecesse a criação mais preciosa ao povo da cidade seria o escolhido. Possêidon, com de seu tridente, fez brotar um lindo e forte cavalo, rápido e ágil, enquanto Palas Atenas criou uma árvore com pequenos frutos verdes, denominada oliveira, capaz de produzir azeite para iluminar a noite, suavizar os feridos e ser um alimento precioso, rico em sabor e energia. Como a oliveira foi a escolhida, a cidade recebeu o nome de Atenas. Em função disto, os antigos gregos acreditavam que a oliveira tinha origem divina. Os romanos acreditavam que Rômulo e Remo, descendentes dos deuses e fundadores de Roma, viram a luz do dia pela primeira vez debaixo dos galhos de uma oliveira.

As oliveiras estão presentes em diversas passagens da Bíblia, como Jesus pregando aos discípulos no Monte das Oliveiras e quando Noé solta a pomba para verificar se as águas do Dilúvio tinham baixado e ela retorna para a Arca, trazendo no bico um ramo verde de oliveira, que confirmava a diminuição das águas e que a raiva divina estava abrandada. Esta é a razão da imagem da pomba com o ramo de oliveira no bico ser considerada como o símbolo universal da paz.

O azeite, devido as suas qualidades e propriedades, teve diversos tipos de uso ao longo da história, além do alimentício, como por exemplo: óleo de lamparinas para iluminação, no tratamento de guerreiros feridos nas batalhas, para tratamentos de beleza de cabelos e pele e em rituais religiosos.

As coroas formadas de galhos da oliveira entrelaçados eram utilizadas como símbolo de poder, conquista e sabedoria, tendo sido utilizadas por imperadores e reis. Desde o início dos jogos olímpicos em 776 a.C até os dias atuais, os atletas vencedores são premiados com uma coroa de oliveira. Da madeira da árvore faziam-se os cetros reais e com o azeite ungiam-se os monarcas e sacerdotes.

De história milenar, a origem da oliveira e o desenvolvimento da sua cultura confundem-se com a história da humanidade. Há divergência de opiniões sobre a exata data e região de sua origem, mas os estudos mais aceitos indicam que há registros de que as oliveiras são originárias da região compreendida pela Turquia, Síria, Líbano, Israel, Iraque e Irã, há mais de 6.000 anos, sendo que sua disseminação pela bacia do Mediterrâneo é atribuída aos Fenícios, Egípcios, Árabes, Gregos, Cartagineses e Romanos. As caravelas espanholas levaram a oliveira para a América no século XV, inicialmente para a Califórnia, que naquela época era parte do atual México, e para a Argentina, na região de Mendoza.

Primeiro azeite comercial do Brasil

No Brasil, o plantio de oliveiras ocorreu no início do século XX, através de emigrantes portugueses e posteriormente espanhóis e italianos. O estado pioneiro foi o Rio Grande do Sul, em 1900, na região de Caxias do Sul, Rio Grande e Bagé, seguido de Minas Gerais, em 1930, na cidade de Maria da Fé. Apesar de há mais de um século termos oliveiras em nosso país, diversos problemas, como falta de conhecimento, suporte técnico e investimentos, impediram de o Brasil já ser um produtor de azeitonas e azeites. Entretanto, este cenário está mudando e com o apoio técnico de órgãos governamentais de pesquisa agrícola, um número crescente de empresários está investindo na plantação de olivais, sendo que em setembro de 2010, um produtor de Caçapava do Sul, no Rio Grande do Sul, lançou o primeiro azeite extra virgem brasileiro. Atualmente, há plantio de oliveiras nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ainda em áreas reduzidas, que devem produzir azeite comercialmente a partir de 2015, apesar de ainda em pequena quantidade frente ao atual consumo brasileiro.

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